terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Civilizados?! Deixam a m**** por todo o lado!

O que separa Países Desenvolvidos de Países em Desenvolvimento? Certamente muita coisa. O que separa Países Desenvolvidos de se tornarem em Desenvolvimento? É simples, Países com pessoas que não desenvolveram.
Quando mudamos de País, na perspectiva de ser para melhor, no meu caso, Portugal para França, chegamos "à casa" nova com muitas expectativas. Pelo menos esperamos algo melhor do que no nosso lar anterior. Eu pensei: "a ver vamos como é viver num país dito civilizado, de pessoas educadas". Pelo menos era mais ou menos esta a fama que os franceses tinham para mim, exceptuando pormenores de "baguettes" debaixo do sovaco. A verdade é que a minha primeira e única experiência em França até agora tinha sido em Paris, mas fiquei tão deslumbrada com a cidade, que não reparei em pormenores desagradáveis. Bem, estar de férias, ou ir viver permanentemente para um sítio são coisas completamente opostas. E é este oposto que me encontro a viver, em Nice. Para aqueles que me pretendem visitar, tenho coisas boas a dizer da cidade, não se preocupem, isto são só desabafos de rapariguinha portuguesa emigrada em França, que pensava que os portugueses eram muito complicados. Afinal, até somos pessoas normais.

Tudo começou meses atrás, aquando da minha chegada à terra dos ricos, dos iates, dos ferraris, entre outras coisas. Como vivemos num mundo bastante DESENVOLVIDO tecnologicamente pareceu-me por bem instalar internet e telefone em casa, para poder contactar aqueles que a tanto custo deixei em casa. Um mês e 10 dias foi o que demorei para conseguir ter acesso a estas extravagâncias (a parte do iate, deve demorar um bocadinho mais), não sem antes, por duas vezes os técnicos que deviam vir activar a linha telefónica não tenham aparecido. Sim, leram bem, nos países desenvolvidos eles não aparecem, são um bocadinho diferentes daqueles da zon ou da meo, que no máximo só se atrasam. A primeira desculpa é sem dúvida a mais interessante não encontraram a casa. Pelo cor carregada do prédio onde habito, eu diria que  está aqui pelos menos à 100. Como julgo que seja improvável que um técnico tenha mais de 100 anos, diria que o mais fácil seria consultar um mapa. Eu até admito que possa ser difícil encontrar a casa, uma vez que a porta da rua está numa outra rua, mas como se salta do 27 para o 31, sem nada no meio, pelo menos eu teria ficado curiosa em espreitar (pelo menos depois de ter visto os filmes do Harry Potter e a sua plataforma 9 3/4). A segunda desculpa foi mais simples, tivemos um problema! À terceira lá consegui que o técnico aparecesse, esteve cá 5 minutos, foi eficiente. Para meu espanto, não trouxe os aparelhos tipo telefone, modem, essas coisas básicas que nos permitem aceder aos serviços que contratamos. Parece que durante aquele mês de espera, devia ter chegado pelo correio. Ou será que o correio também não sabia onde ficava a casa?! A certa altura comecei a ficar intrigada. De um modo muito simpático, a loja onde tínhamos contratado este "serviço desenvolvido" facultou-nos o aparelho que nos permitia ao menos ter internet, enquanto o nosso não chegava. Ah, neste pacote deveria também estar incluída a box da televisão. Curiosamente, o material que faltava chegou na mesma altura que uma encomenda vinda de Portugal. Pronto, tenho de admitir, eles são mais desenvolvidos numa coisa, trazem as encomendas (nesta caso a de Portugal com quase 7 quilos) a casa.
E pronto, finalmente, depois de um mês e 10 dias a coisa ficou resolvida, não sem antes umas ofensas portuguesas proferidas em silêncio (em francês ainda só conheço "merde", mas eles dizem isto de um modo tão fino que nem parece ofensivo) contra os senhores da Orange, os tais, pouco desenvolvidos.

Nas duas primeiras facturas não nos cobraram os serviços de internet+telefone+tv. Pensei: "epa, isto em Portugal não acontecia", ou pelo menos tínhamos de pagar e depois de uma brilhante reclamação lá nos reembolsam. Mas não é que agora, depois das belas "férias" passadas em Portugal, os sacanas me apresentam uma factura em que tenho de pagar 69 euros porque um técnico veio a minha casa e eu não estava! Isto, sem eu ter pedido um técnico! E 3 semanas depois de eu já ter internet+telefone+tv a funcionar. É que é preciso ter lata! Lá fui eu, com o meu francês alternativo, telefonar para os serviços da Orange, para tentar responder o problema. Após ter conseguido expressar condignamente o meu problema, dizem-me que como não sou o "Monsieur Di Franco", não me podem ajudar. Para me poderem ajudar, o titular do telefone tem que lhes dizer "Bounjour, je suis Monsieur Di Franco". Ou isso, ou posso experimentar fazer voz de homem. Gente complicada!

Ah, as outras falhas de desenvolvimento são pequenas coisa do género: ultrapassarem-te nas filas do mercado, serem os primeiros a subir para o autocarro mesmo que tenham sido os últimos a chegar e estejam 10 pessoas à frente e claro, a bela da merda de cão espalhada por toda a cidade. A minha contagem vai em duas escorregadelas. Tive sorte, não eram daqueles quase líquidas, e consegui manter-me em pé.




Sem comentários:

Enviar um comentário